Sobre a Morte — Nossas Duas Percepções
A morte é um trevo onde se encontram o indesejável e o previsível.
Em essência, todo ser é imortal, portanto, o desejo de viver eternamente ou que os nossos entes queridos vivam para sempre, é inalienável à todas as pessoas e, como consequência, o abandono do corpo físico é um acontecimento indesejável que, com frequência, deixa um rastro de dor, de vazios e de infindos questionamentos.
Por outro lado, uma simples e objetiva observação da vida nos demonstra que tudo aquilo que nasce, um dia morre. Tudo aquilo que brota, um dia apodrece. Tudo aquilo que floresce, um dia murcha. Mas, que o morrer, o apodrecer e o murchar, não são um irrevogável fim, e sim uma transformação ou uma transmutação de uma forma visível para uma invisível que, naturalmente, é previsível, ou seja, é certo que acorrerá.
No entanto, é importante entender que ela é previsível como um potencial acontecimento, mas ela é imprevisível em relação ao momento em que acontecerá, pois às vezes a partida acontece em algumas horas, outras em dias, algumas em meses, várias em anos, muitas em décadas e raras em séculos, mas o momento de despedida é inevitável.
E assim, na peculiar encruzilhada da morte, o indesejável e o imprevisível sempre se encontram e, nesses encontros, às vezes choramos, outras sorrimos.
Algumas sofremos, outras relaxamos.
Algumas não aceitamos, outras seguimos adiante.
Mesmo assim, apesar do intenso turbilhão emocional causado por qualquer morte, a vida, com seu grandioso emaranhado de infindas possibilidades, sempre segue seu revelador e fortuito ritmo cujo destino é, nalgum desconhecido e inesperado momento, nos direcionar ao transformador e mutante trevo da morte.
Desta maneira, se você está vivo, simplesmente viva, viva plenamente
Pois para isto é a vida, para viver.
Viver com dores e alegrias
Com perdas e ganhos
Com quedas e vitórias
Com tragédias e comédias
Com dúvidas e revelações
Com desamores e amores.
E, acima de tudo,
Viver com gratidão pela certeza da previsibilidade
E com tolerância para com a incerteza da indesejabilidade.
PS: Para citar esta reflexão:
Cargnin dos Santos, Tadany. Sobre a Morte. Nossas duas Percepções.