O Mundo em Transição

Tadany Cargnin dos Santos
3 min readJun 22, 2019

A ênfase em desenvolvimento tecnológico, expansão de mercados e lucro infindos são a base das decisões corporativas, religiosas e governamentais do mundo. E a busca de cada uma destas instituições é válida em sua própria esfera de influência e controle.

Em primeiro plano, as corporações existem para satisfazer necessidades individuais, coletivas e organizacionais, mas em sua base está o lucro, isto é claro e evidente e, para tanto utiliza a tecnologia e a expansão como pilares para alcançar seus objetivos.

As religiões, por sua vez, velam a obtenção de recursos financeiros como parte de suas atividades, mas o fazem descaradamente em nome de Deus, enquanto isto, o crescimento e a atração de mais ovelhas para os seus rebanhos é uma estratégia divina e regiamente perseguida e, nesta peregrinação, as ferramentas tecnológicas são naturalmente utilizadas e, ao meu ver, não existe nada de errado nisto, apesar de questionável, mas é legítimo pois é parte do quotidiano humano e aceitável por todos os crentes e fiéis.

Finalmente vem o governo, talvez o mais ávido e sequaz perseguidor do lucro, da expansão de mercados e do uso de tecnologias em seu benefício, assim como o mais eloquente em dizer que ele não busca lucro, o que até faz sentido, pois ele não busca, ele o impõe, ele o demanda descaradamente visto que ele obriga tudo e todos a contribuir sua parcela de encargos em prol do desenvolvimento da nação e do bem-estar dos cidadãos mas que, em muitos casos, é descaradamente redistribuído somente entre eles mesmos e as empresas que fazem parte do seu séquito. Então, quando uma pessoa é conhecedora desta realidade, ela claramente evita os ilusórios proselitismos partidários e governamentais que a jogam de um lado para o outro, ou a joga contra outras pessoas, numa indecente batalha onde ninguém ganha, a não ser aqueles que fazem parte do seleto grupo de pessoas, ou empresas, que estão no banquete governamental e que se esbanjam proficuamente enquanto conseguem estar no poder, ou seja, outro previsível e normal cenário administrativo.

E assim, ciente destas inevitáveis e previsíveis realidades, cabe a cada pessoa entender o seu papel no esquema das organizações, mas acima de tudo, esforçar-se para transcender tais realidades com a intenção de evitar ser maculada por suas limitantes, sórdidas ou insustentáveis estratégias e, como consequência, conseguir manifestar sua natural curiosidade sobre a vida, sua essencial humanidade do existir e sua intrínseca amorosidade, esta que fez com que outras duas pessoa se unissem, se amassem e, pelo ato do amor, geram-se a vida individual.

Em outras palavras, chegamos num momento de consciência vital onde as previsíveis estruturas organizacionais, as conhecidas estratégia institucionais e os sabidos modelos sociais, somados à geométrica expansão populacional, ao crescimento da limitação de recursos naturais e ao aumento das dúvidas, das incertezas e dos medos humanos tem formado um cenário onde, impreterivelmente, temos que, mais e mais, voltar ao essencial para que a vida continue sendo algo interessante e estimulante, ao invés de árduo e desagradável, que seja construtivo e sustentável, ao invés de segregador e insubsistente, que seja mais tolerante e amistoso, ao invés de bélico e violento, que seja mais valoroso e comunitário, ao invés de indigno e sectário e, acima de tudo, que seja mais humano e digno, ao invés de escravocrata e abusivo.

E, quando isto, acontecer, o atual fardo que oprime, o atual modelo que isola e o atual paradigma que abusa serão aberta e naturalmente questionados por curiosidade essencial, serão instintivamente substituídos por fraternidades congênitas e também serão alterados porque, no âmago de cada ser humano, existe uma força amorosa que foi, que é, e que sempre será a mais potente guia dos pensamentos, das palavras e das ações individuais, sempre e quando a pessoa tiver lucidez, desapego e coragem para manifestá-la, independentemente das obsoletas, arcaicas e retrógadas ideias e estratégias que tem influenciado as organizações até então, mas que estão perdendo seu poderes e suas influências porque estamos numa inevitável fase onde o mundo está em transição, numa irrefreável transformação, quer queiramos, quer saibamos, quer tenhamos interesse, mas ela é uma onda que já não mais pode ser contida, somente entendida e, oxalá, embarcada e surfada para evitar ficar à deriva da nova era que ora se manifesta.

PS: Para citar este Texto:

Cargnin dos Santos, Tadany. O Mundo em Transição. www.tadany.org®

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