Bem-vinda Morte
A morte necessita permissão para manifestar-se.
Para renascer é imperativo deixar-se morrer, pois é perigoso e incoerente ter dois seres habitando a mesma psique.
Para que o adulto amanheça, é necessário adormecer o jovem.
Para que o marido desperte, é imperativo que o solteiro pereça.
Para que o sábio se anime, é crucial que o ignorante sucumba.
Para que a alegria se avive, é imprescindível que a melancolia parta.
Para que a abundância acorde, é fundamental que a miséria mental enfraqueça.
Para que o amor-próprio desadormeça, é inevitável que a raiva desanime.
Para que paz alvoreça, é essencial que o cruel autojulgamento desapareça.
Para que a vida se transforme, é indispensável que a mesmice padeça.
Ou seja, a morte, esta aparentemente assustadora imagem que aterroriza as pessoas por suas características destrutivas e desmaterializadoras, possui seu benevolente aspecto manifestado por meio dos renascimentos, das iniciações e das libertações que abandonam o instintivo, o rude e o aprisionador para ativar o espiritual, o refinado e o expansivo.
Em essência, a morte é sine qua non para uma existência manifestar-se num nível anímico e pragmático mais elevado, livre e abundante.
Como citar este Pensar:
Cargnin dos Santos, Tadany. Bem-vinda Morte.